segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A importância do Estudo dos Grupos na Psicologia

Quando falamos em grupo, estamos abordando um tema da Psicologia Social. Os primeiros estudos sobre os grupos foram realizados no final do século 19 pela então denominada Psicologia das Massas, ou Psicologia das Multidões. Um dos primeiros pesquisadores deste assunto foi Gustav Lê Bom.
Hoje, sabemos que, em diversas ocasiões, as pessoas se unem e formam massas compactadas muito organizadas e autônomas. Um exemplo dessa capacidade de mobilização ocorreu em nosso País, em 1984, por ocasião das Diretas Já, episódio importante para a queda da ditadura militar. Milhões de pessoas que foram à rua e aos comícios estavam conscientes de sua participação.
Apesar de a Psicologia Social surgir com estudo de massas, será com grupo menores, os quais possuem objetivos claramente definidos, que se desenvolverá a pesquisa de grupos. Esse desenvolvimento ocorre a partir de 1930, com a chegada aos Estados Unidos de Kurt Lewin, professor alemão, onde desenvolveu a primeira teoria consistente sobre grupos. Essa teoria influenciou tanto a Psicologia, que a partir dela surgiu um campo na Psicologia Social denominado Cognitivismo. O trabalho de Lewin também influenciou bastante o desenvolvimento de uma teoria organizacional psicológica que, nas empresas, é aplicada no estudo das relações humanas no trabalho. A possibilidade de aplicação imediata desta teoria ao campo organizacional impulsionou o desenvolvimento dos estudos sobre grupos nos Estados Unidos.
Na década de 30, Elton Mayo, realizou uma pesquisa que se tornaria o paradigma dos estudos motivacionais na área organizacional. Esta pesquisa praticamente inaugurou a área da Psicologia Organizacional e mudou, consideravelmente, o pensamento sobre os problemas industriais.


A dinâmica dos grupos

Como já foi dito anteriormente, as pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos institucionalizados. Geralmente moram com suas famílias, vão a escola, ao emprego, a igreja, ao clube; convivem com grupos informais, como o grupo de amigos da rua, do bar, do centro acadêmico ou grêmio estudantil,etc. Em alguns casos a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que não escolhemos. A essa forma de convívio que independe da nossa escolha chamamos de solidariedade mecânica. A afiliação a um grupo independe da nossa vontade no que diz respeito à escolha dos seus integrantes. A solidariedade orgânica é a forma de convívio na qual nos afiliamos a um grupo porque escolhemos nossos pares. É o caso do grupo de amigos que se reúne nos finais de semana para jogar futebol ou que decide formar uma banda. A afinidade pessoal é levada em consideração para a escolha do grupo. Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, geralmente formam-se subgrupos que se caracterizam pela solidariedade orgânica, como é o caso das “panelinhas”em sala de aula ou do grupo de amigos em uma fábrica ou escritório.
Quando um grupo se estabelece ( uma “panelinha” em sala de aula, um grupo religioso ou uma gangue de adolescentes), os fenômenos grupais anteriormente mencionados passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de processo grupal. A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras estabelecidas. Quando alguém começa a participar de um novo grupo, terá seu comportamento avaliado para verificação do grau de adesão. Os membros mais antigos já não sofrem esse tipo de avaliação e se, eventualmente, quebram alguma regra (que não seja muito importante), não cobrados por isso. Ocorre que, no caso dos membros mais antigos, é conhecido o grau de aderência ao grupo e sabe-se que eles não jogam contra a manutenção do grupo. Esta “certeza” da fidelidade dos membros é o que chamamos de coesão grupal.
Lewin fez a descoberta de que os grupos democráticos são, ao longo prazo, os mais eficientes. Já os autoritários têm uma eficiência imediata, na medida em que são muitos centralizados e dependem praticamente de seu líder. Mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demanda do líder, e seus membros são, geralmente cumpridores de tarefas. Os grupos democráticos exigem maior participação de todos os membros, que dividem a responsabilidade da realização da tarefa com o líder. Este tipo de grupo pode ornar-se mais competente ainda que quando sua liderança for emergente, isto é, quando se desenvolver de acordo com o objetivo ou tarefa proposta pelo grupo.

Grupos Operativos

Mais recentemente, o francês Pichon-Rivière, radicado na Argentina, desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo ( a qual denominou “Grupos Operativos”) baseado tanto na tradição legada por Lewin quanto nos conhecimentos psicanalíticos.
Na verdade, o grupo operativo configura-se como um modo de intervenção, organização e resolução de problemas grupais, baseado em uma teoria consistente, desenvolvida por Pichon-Rivière e conhecida como Teoria do Vínculo. Tal abordagem transformou-se num poderoso instrumento de intervenção em situações organizacionais e é muito usada hoje em dia. Através de sua aplicação, é possível acompanhar determinado grupo durante a realização de tarefas concretas e avaliar o campo de fantasias e simbolismo encobertos nas relações pessoais e organizacionais dos seus diferentes membros.

O Processo Grupal

O desenvolvimento de uma Psicologia Social Crítica, a partir de 1970, levou tanto Silvia Lane quanto Martin-Barós, cada um a seu modo, a desenvolver uma consistente crítica aos modelos teóricos existentes. A tória de Pichon-Rivière sofreu também algumas críticas. O fundamental nesta visão é considerar que não existe grupo abstrato, mas sim um processo grupal que se reconfigua a cada momento. Silvia Lane detecta categorias de produção grupal, que define como:
1- Categoria de produção – a produção das satisfações de necessidades do grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais.
2- Categoria de dominação – os grupos tendem a reproduzir as formas sociais de dominação.
3- Categoria grupo-sujeito – trata-se do nível de resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos com menor resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade de crescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os grupos que se submetem cegamente às normas institucionais e apresentam muita dificuldade para a mudança são os grupos-sujeitados.

(cap. 15 – Psicologias – uma introdução ao estudo de psicologia – Ana M. B. Bock)




O que você entendeu sobre a Psicologia Institucional e o Processo Grupal?


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